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Webinar: as imunodeficiências não são tão raras como se pensa

“As imunodeficiências são raras?” Este foi o tema de webinar realizado dia 7 de outubro pela Binding Site Brasil. O evento, que segue disponível em nosso perfil no YouTube, contou com a participação da professora Dra. Anete S. Grumach, pesquisadora e responsável pela Disciplina e Laboratório de Imunologia Clínica do Centro Universitário FMABC.

Segundo ela, as imunodeficiências não são tão raras como se pensava anos atrás – devido ao avanço dos estudos, ao diagnóstico precoce em crianças e mais abrangente em adultos, e a descoberta de novos problemas genéticos a cada dia.

“Antes, pensava-se que as imunodeficiências atingiam 1 indivíduo para cada grupo de 10 mil. Hoje, a frequência é de 1 em cada 1,2 mil pessoas. Em alguns casos, já estamos saindo da faixa do que é considerado raro. É nítido o crescimento”, observa a professora, que também é membro do Grupo Brasileiro de Imunodeficiências (BRAGID) e da Sociedade Latino-americana de Imunodeficiências (LASID).

Números atuais

Até 2020, foram levantados 430 defeitos genéticos causadores de 404 doenças imunológicas (alguns defeitos causam a mesma doença). Anete explica que, hoje, este número já aumentou. “Partimos de poucos estudos, poucos defeitos detectados para a descoberta de novos, capazes de explicar situações clínicas que vivenciamos no dia a dia.”

São tantos que foram criadas dez subcategorias para se delimitar melhor as imunodeficiências: imunodeficiências das células B e T; deficiências predominantemente humorais; outras síndromes de imunodeficiências bem definidas; doença de desregulação imune; defeitos congênitos dos fagócitos; defeitos da imunidade inata; doenças auto-inflamatórias; deficiências de complemento; fenocópias de imunodeficiências primárias; e falhas de medula óssea.

O próprio termo imunodeficiência está caindo em desuso. Nos artigos mais recentes da comunidade médica especializada, tais transtornos são denominados erros inatos da imunidade (EII).

Diagnóstico

A professora frisou a importância do diagnóstico precoce. Quanto antes o problema for descoberto, há mais possibilidade de tratamento e, por consequência, melhoria na qualidade de vida do paciente.

Além do teste do pezinho, disponibilizado em toda rede pública de saúde e capaz de identificar alguns problemas genéticos, Anete alertou pais e médicos a ficarem atentos a outros dez sinais: quatro ou mais otites em um ano; duas ou mais sinusites graves em um ano; dois ou mais meses com antibióticos com pouca eficácia; duas ou mais pneumonias em um ano; falha em ganhar peso ou crescer normalmente; abscessos cutâneos ou viscerais recorrentes; candidíase oral persistente ou infecção fúngica na pele; necessidade de aplicação intravenosa de antibióticos para controlar as infecções; duas ou mais infecções graves incluindo septicemia; e histórico familiar de imunodeficiências.

“Todos os pacientes afetados por dois ou mais dos dez sinais de alerta deveriam ser testados para imunodeficiências”, observa a professora. Ela destaca ainda que a vacina BCG, aplicada em nosso País, também pode auxiliar na detecção de algum problema quando a reação a ela é exacerbada, além da esperada: pode ser sinal de EII.

Fato importante: boa parte da população adulta que possui alguma imunodeficiência ainda não foi diagnosticada. Por isso, hoje, a proporção de crianças e adultos acometidos por algum problema é mais ou menos igual. Nos adultos, é preciso observar sintomas recorrentes, como infecções, alergias, autoimunidade, tumores e processos inflamatórios.

Acesso

Uma das maiores lutas de todos envolvidos com as EIIs é a ampliação do acesso aos testes para imunodeficiência. Um deles é a medição de imunoglobulinas e suas subclasses. O reagente que as detecta (que faz a detecção das imunoglobulinas séricas) é um dos produtos oferecidos pela Binding Site.

“O acesso não é igualitário, apesar de nossa briga para que seja. Isso é difícil, muitas vezes por causa da atualização rápida. São exames altamente especializados e existe uma rede de laboratórios que busca melhorar o diagnóstico, dando suporte ao SUS. Mas, temos muito que caminhar ainda”, opinou Anete.

O diretor da Binding Site, Fulvio Facco, que também participou do webinar, disse que a empresa está à disposição para ajudar no que for preciso. “Temos atuação bastante forte no campo das imunodeficiências primárias e secundárias. O maior acesso da população é um grande desafio, que está dentro de nossa visão; conte conosco.”

O webinar completo está disponível aqui.

Em nosso blog há outros artigos sobre as imunodeficiências. Acesse, compartilhe e, em caso de dúvidas, entre em contato.