O ano de 2023 foi repleto de novidades relacionadas ao diagnóstico, monitoramento e novas opções terapêuticas do Mieloma Múltiplo e outras doenças relacionadas.
As principais delas, que sinalizam como deve ser a abordagem à doença nos próximos anos, foram apresentadas no 65º ASH, congresso anual da American Society of Hematology, realizado em dezembro, em San Diego.
A consultora médica da Binding Site Brasil, Dra. Maricy Viol, acompanhou as apresentações e apontou quais tendências devem se destacar já a partir de 2024.
O texto abaixo resume o que ela viu de melhor no ASH. Confira.
. Monitoramento pós-transplantes e espectrometria
. Monitoramento do MM Smouldering e espectrometria
. iStopMM
. Contato
Espectrometria de massa
Na área de diagnóstico e monitoramento do Mieloma Múltiplo, o grande enfoque das publicações mais recentes foi a espectrometria de massa.
A partir disso, destacamos um dos abstracts apresentados no ASH 2023, que compara o uso da espectrometria de massa à imunofixação, à citometria de fluxo multiparamétrica e de nova geração (NGF/NGS) para se estabelecer a concordância entre os métodos para o monitoramento da doença.
Nessa análise, a espectrometria demonstrou alta sensibilidade, com importância na avaliação de eficácia ao tratamento e ao prognóstico da doença.
Monitoramento pós-transplantes e espectrometria
Outro abstract interessante foi desenvolvido pelo grupo PETHEMA/GEM, que analisou 243 pacientes elegíveis e inelegíveis ao transplante em fase de manutenção e observação.
Em 27 pacientes, além da avaliação de DRM padrão, também foi realizada a pesquisa de DNA circulante em sangue periférico (cfDNA), utilizando-se para isso a plataforma CloneSight.
Já em 169 pacientes, além da avaliação padrão de DRM por meio de NGF, também foi realizada a avaliação pela espectrometria (QIP-MS).
Desses 169 pacientes em que foi realizada a avaliação simultânea de DRM por NGF e QIP-MS, 22% apresentaram DRM+. Por sua vez, a mediana de SLP entre pacientes BloodFlow-/QIPMS-, BloodFlow+/QIPMS-, BloodFlow-/QIPMS+ e BloodFlow+/QIPMS+ foi respectivamente: 130, 2, 26 e 11 meses.
Os resultados mostram que a utilização de NGF, CloneSight e QIP-MS aumentam o poder de detecção de DRM com alta sensibilidade.
Monitoramento do MM Smouldering e espectrometria
Ainda com relação à espectrometria de massa, ressaltamos o estudo GEM-CESAR, no qual foram incluídos pacientes com Mieloma Múltiplo Smouldering de alto risco.
O sangue periférico dos pacientes foi avaliado para a presença de doença residual periférica (DRP) por meio da realização de espectrometria de massa EXENT®Solution, da Binding Site, após o TMO e depois do término do tratamento, com dois anos de manutenção.
Nos dois momentos, a avaliação de doença residual periférica conseguiu discriminar os dois grupos de pacientes. A mediana DE SLP, em casos de DRP+ pós TMO foi de 4,27 anos, versus não alcançada em casos de PRD- (p=0,0071).
Após dois anos de manutenção, a SLP mediana em casos de DRP- não foi alcançada, versus 1,43 anos em casos de DRP+ (p=0,0011).
Neste coorte de pacientes com Mieloma Smouldering tratados com intenção curativa, enquanto os critérios padrão atuais de resposta não foram associados a desfecho clínico, o status de DRP definido por espectrometria de massa conseguiu identificar dois grupos com SLP diferentes nos momentos analisados.
iStopMM
O estudo iStopMM da Binding Site, que realiza screening de toda população adulta da Islândia para investigação da presença de gamopatias monoclonais, já está trazendo vários resultados de muita relevância à prática clínica.
O ASH 2023 também trouxe publicações derivadas do iStopMM. Destacamos entre eles um abstract sobre as gamopatias (GMSI) de cadeia leve.
Pacientes com GMSI de cadeia leve, identificados após screening do iStopMM, foram avaliados por meio de NGF para a quantificação de plasmócitos clonais na medula óssea. O objetivo foi avaliar a associação entre a porcentagem de plasmócitos clonais e a razão de cadeia leve envolvida/não envolvida, por meio do Freelite®.
Resultado: plasmócitos clonais foram detectados na minoria das GMSI de cadeia leve, em 38,1% do total.
A razão FLC mostrou-se altamente preditiva: um ponto de corte da razão FLC de 3,15 consegue discriminar a presença de plasmócitos clonais e não foi encontrada nenhuma evidência de progressão de doença em valores abaixo desse ponto de corte durante o acompanhamento.
Contato
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Referências:
1-Huishou Fan, Bing Wang, Lugui Qiu, Bin Ma, Gang An; Monitoring Minimal Residual Disease in Patients with Multiple Myeloma By Tracking Serum M-Protein Using Mass Spectrometry. Blood 2023; 142 (Supplement 1): 1920.
2- Carmen Gonzalez,et al. Minimally Invasive Assessment of Measurable Residual Disease (MRD) in Multiple Myeloma (MM). Blood 2023; 142 (Supplement 1): 339
3- Jon Thorir Oskarsson, Sæmundur Rögnvaldsson, Sigrun Thorsteinsdottir, et al. Predicting an Underlying Clonal Plasma Cell Population in Light-Chain Monoclonal Gammopathy of Undetermined Significance Using Free Light-Chain Ratio. Blood 2023; 142 (Supplement 1): 530.4-Noemi Puig, Cristina Agullo, Teresa Contreras,et al. Isolated and Dynamic Peripheral Blood Residual Disease Status Characterized By Mass Spectrometry Predicts Outcome in Patients with High Risk Smoldering Multiple Myeloma Treated in the GEM-CESAR Trial. Blood 2023; 142 (Supplement 1): 645.