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Confira as novidades do estudo iStopMM divulgadas no ASH, um dos mais importantes congressos mundiais de hematologia*

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O estudo iStopMM desde seu início vem despertando grande interesse no mundo hematológico. Até o momento, ainda existem várias dúvidas acerca da epidemiologia da Gamopatia Monoclonal de Significado Indeterminado (GMSI) e seu comportamento, dúvidas às quais o estudo pretende trazer esclarecimento e informação.

O estudo iStopMM, que tem o apoio da Binding Site, está avaliando toda a população da Islândia acima de 40 anos.

Atualmente, já foram avaliadas 80,7 mil amostras de sangue. O objetivo é identificar precocemente casos de GMSI para o monitoramento adequado e diagnóstico precoce de casos de evolução da doença, que pode evoluir para Mieloma Múltiplo.

Na edição 2022 do ASH (Encontro Anual da Sociedade Americana de Hematologia), um dos mais importantes do mundo, novos dados do estudo foram publicados. Entre eles, constam informações importantes e antes desconhecidas sobre a GMSI, trazendo maior conhecimento sobre essa entidade e auxiliando os hematologistas para o melhor manejo de seus pacientes.

Novidades divulgadas no ASH

Entre os novos dados apresentados, é relevante ressaltar informações sobre a GMSI do tipo IGA. Após acompanhamento dos indivíduos incluídos com Gamopatia, dados recentes do iStopMM mostraram que o comportamento e a evolução de pacientes com GMSI do tipo IGA diferem do restante. 

Em contraste com os demais subtipos de imunoglobulina, a prevalência de indivíduos com GMSI IGA diminui de acordo com a idade avançada. Estudos prévios já demonstraram a imunosenescência envolvendo a secreção de IGA, fenômeno também observado no iStopMM.

Outro dado importante publicado diz respeito à associação de GMSI com doenças autoimunes. Em estudos previamente publicados, já havia sido descrito o aumento de GMSI em pacientes com doenças autoimunes. Porém, devido a dados retrospectivos, pode ocorrer viés, visto que o diagnóstico de GMSI, por definição, ocorre em indivíduos assintomáticos.

Correlação com doenças autoimunes

Os resultados do iStopMM demonstraram a presença de doenças autoimunes em 16,1% dos indivíduos triados. Na população avaliada, tanto a GMSI, quanto a GMSI de cadeia leve, não foram associadas com doenças autoimunes quando comparados com indivíduos sem GMSI.

Entretanto, foi encontrada correlação com doenças autoimunes dentro dos indivíduos previamente diagnosticados com GMSI no contexto clínico (OR 1.93 (95% CI 1.44- 2.56)).

Como se sabe, a GMSI e a doença renal crônica são condições comuns e muitas vezes associadas. Assim, quando a disfunção renal ocorre em consequência da gamopatia monoclonal, é dado o diagnóstico de Gamopatia Monoclonal de Significado Renal (GMSR), entidade recentemente reconhecida. 

Isso leva à hipótese de que a prevalência de disfunção renal ter expectativa de ser maior em indivíduos com GMSI que indivíduos sem GMSI.

Disfunção renal e GMSI

No iStopMM, foi realizada análise da prevalência de indivíduos com disfunção renal com e sem GMSI. Ao todo, 9,7% da população total do estudo apresentou disfunção renal, definida como: Clcr <60ml/min, proteinúria ou hematúria persistente, ou em tratamento para doença renal em estágio final. 

Após ajuste para idade e sexo, não houve associação significativa entre GMSI de cadeia pesada e disfunção renal (odds ratio [OR] 1.00, 95% [IC] 0.95–1.17). Indivíduos com GMSI cadeia leve têm menor tendência a apresentar disfunção renal do que participantes sem GMSI (OR 0.39, 95% CI 0.31–0.49, p <0.001). Também não foi encontrada associação com a concentração de componente monoclonal ou albuminúria severa com o grau de disfunção renal.

Sabemos que o componente monoclonal, de acordo com o contexto clínico apresentado, pode se tornar inexistente após condições infecciosas, autoimunes, entre outras. Porém, até o momento não havia informações objetivas sobre o padrão e monitoramento prospectivo em casos de componente monoclonal transitório.

Proteína monoclonal transitória

No estudo, 198 (9,8%) dos indivíduos foram identificados com proteína monoclonal transitória, de acordo com a eletroforese de proteínas (EFP) e a imunofixação. 

Nesse grupo, foi observado maior prevalência de infecções, desordens autoimunes e condições pulmonares obstrutivas. Também foi associado a ele aumento de uso de medicações, tais como corticosteróides, imunossupressores, azitromicina e diuréticos.

Dos casos com proteína monoclonal identificada por EFP, imunofixação e espectrometria de massa (EM), 70% dos casos que durante o acompanhamento evoluíram com EFP e imunofixação negativas permaneceram com EM com a mesma proteína monoclonal. 

Além disso, 54 indivíduos foram observados com EM positiva ao diagnóstico e negativa durante o acompanhamento, indicando prevalência de proteína monoclonal transitória de 2,6% do total de indivíduos com GMSI quando avaliados por EM.

Quando avaliados por EFP e imunofixação, foram encontrados 10% de indivíduos com GMSI com padrão de proteína monoclonal transitória. 

Tais dados ressaltam o fato de que, ao utilizar a EM, aumentamos a sensibilidade na detecção de pequenas quantidades de proteína monoclonal, mostrando que o padrão de componente clonal transitório muitas vezes encontra-se abaixo do limite de detecção dos métodos convencionais.

Sobre o iStopMM

Iniciado em novembro de 2016, o estudo iStopMM analisou exatos 75.422 islandeses acima de 40 anos (51% da população do país). As análises seguem em andamento, diagnosticando até o momento 3.358 pessoas com GMSI.

Anteriormente, não havia em nenhum lugar do mundo dados em estudos prospectivos para acompanhamento da GMSI – uma entidade obscura e ainda com muitos questionamentos.

Por isso, ainda teremos respostas e esclarecimentos muito importantes a serem dados para o entendimento da biologia do desenvolvimento da GMSI e sua epidemiologia, de acordo com o avançar do iStopMM.

Referências Bibliográficas

1. Thorvardur Jon Love, MD, PhD, Sæmundur Rögnvaldsson, MD, Sigrun Thorsteinsdottir, MD, PhD,et al. Prevalence of MGUS Is High in the iStopMM Study but the Prevalence of IgA MGUS Does Not Increase with Age in the Way Other Immunoglobulin Subtypes Do. Blood (2022) 140 (Supplement 1): 256–258.

2. Ingigerdur S Sverrisdottir, MD, Sigrún Thorsteinsdóttir, MD, PhD, Sæmundur Rögnvaldsson, MD, et al. Autoimmune Diseases Are Not Associated with Monoclonal Gammopathy of Undetermined Significance: Results of the Prospective Population-Based IstopMM Study. Blood (2022) 140 (Supplement 1): 10031–10032.

3. Thorir Einarsson Long, MD, PhD, Elias Eythorsson, MD, PhD, Sæmundur Rögnvaldsson, MD,et al. Monoclonal Gammopathy of Undetermined Significance and Risk of Chronic Kidney Disease: Results of the Population-Based Iceland Screens, Treats, or Prevents Multiple Myeloma (iStopMM) Study.Blood (2022) 140 (Supplement 1): 10108–10109.4. Robert Palmason, Oscar Berlanga, Jon Kristinn Sigurdsson,et al. Transient M-Proteins: Epidemiology, Causes, and the Impact of Mass Spectrometry: The iStopMM Study. Blood (2022) 140 (Supplement 1): 2338–2340.

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* Artigo de autoria da consultora médica da Binding Site Brasil, a hematologista Dra. Maricy Lopes