A medicina não a identifica como uma doença, e sim como entidade laboratorial e as pessoas afetadas por ela sequer podem ser chamadas de pacientes, pois são indivíduos saudáveis. Ainda assim, é uma condição alvo de muito estudo – pois pode evoluir para doenças graves, como o mieloma múltiplo.
Trata-se da gamopatia monoclonal de significado indeterminado (GMSI), mais conhecida pela comunidade médica pela sigla em inglês MGUS (Monoclonal Gammopathy of Undetermined Significance).
Ela foi assunto do último webinar promovido pela Binding Site Brasil, dia 24 de março, com participação da médica hematologista Dra. Maricy Lopes, que alertou: “Pacientes com mieloma múltiplo, mas que foram acompanhados desde o estado de gamopatia, têm um aumento de sobrevida de até 15%.”
O que é
Em linhas gerais, o MGUS ocorre quando os plasmócitos, as células da medula óssea responsáveis pela fabricação dos anticorpos, passam a produzir a chamada proteína monoclonal – também conhecida como proteína M.
É ela que, em níveis muito elevados, pode se tornar cancerígena e evoluir para o mieloma múltiplo, tipo de câncer ainda sem cura, mas que pode ser tratado, controlado e entrar em remissão, especialmente quando a doença é diagnosticada de maneira precoce.
Por isso que, a princípio, o MGUS sequer pode ser chamado de doença. Afinal, trata-se de uma condição que pode não acarretar problemas de saúde, mas que em alguns casos, pode se tornar maligna.
Complicações
Uma das dificuldades do MGUS é que seus portadores não apresentam nenhum sintoma. É um transtorno completamente silencioso, que não prejudica em nada a qualidade de vida do indivíduo.
No entanto, a presença da gamopatia monoclonal de significado indeterminado deve servir de alerta, pois ela pode ser um risco associado ao aparecimento de doenças graves como o mieloma múltiplo, a leucemia, o linfoma e a macroglobulinemia de Waldenström.
O MGUS pode estar ainda relacionado a outras condições menos alarmantes, mas que comprometem bastante a saúde da pessoa, como o risco de infecções repetitivas, fraturas constantes, osteoporose e trombose.
Dessa maneira, os portadores de MGUS não podem se descuidar e devem manter um acompanhamento constante. Assim, é possível a intervenção o mais rápido possível em caso de evolução deste transtorno.
Diagnóstico e monitoramento
O diagnóstico para MGUS exige um conjunto de exames como a eletroforese, a imunofixação e o Freelite®. Ela só deve ser confirmada se os seguintes critérios forem atendidos.
. presença de proteína monoclonal (M) no soro (em concentração de <30 g/L [3 g/dL]) ou na urina (<500 mg em um período de 24 horas)
. <10% de plasmócitos na medula óssea (o exame da medula óssea somente é necessário se a proteína M for >15 g/L [1.5 g/dL], ou para MGUS do tipo não imunoglobulina G (IgG) ou se a proporção de cadeias leves livres estiver anormal)
. e ausência de lesões ósseas líticas, anemia, hipercalcemia, insuficiência renal ou amiloidose relacionadas ao processo proliferativo plasmocítico.
Caso o MGUS for diagnosticado, não pode haver espaço para descuido – mesmo ele sendo até dez vezes mais incidente que o mieloma múltiplo. As pessoas devem manter um acompanhamento constante, segundo as orientações de seu médico, de forma que qualquer evolução seja rapidamente percebida e tratada.
Estudos constataram também uma maior tendência da obesidade ajudar na progressão do MGUS em mieloma múltiplo.
iStopMM
Durante o webinar, Dra. Maricy também comentou sobre um importante estudo que vem sendo desenvolvido desde janeiro de 2016 na Islândia, com apoio da Binding Site: o iStopMM.
Nele, todos os adultos acima dos 40 anos do país estão sendo monitorados, com o objetivo de se fazer o diagnóstico precoce do mieloma múltiplo. Apesar de os números ainda não serem finais, o que já se sabe é que o MGUS foi encontrado em uma parcela considerável da população.
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