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Por que e para que fazer o exame do líquor na suspeita de Esclerose Múltipla?

Uma das primeiras perguntas que os pacientes fazem durante a investigação de uma Síndrome Clinicamente Isolada (CIS) com suspeita de Esclerose Múltipla (EM) é por que e para que fazer o exame do líquor.

Utilizado desde o final do século XIX, o exame do líquido cefalorraquidiano (LCR), ou líquor, é de grande importância no diagnóstico de doenças neurológicas. Além do diagnóstico, a análise do líquor permite o estadiamento de processos infecciosos, inflamatórios e neoplásicos (quando há alteração na multiplicação das células) que acometem o Sistema Nervoso Central (SNC), direta ou indiretamente.

No processo de investigação da Esclerose Múltipla, o exame ganha ainda mais relevância e tem sido defendido por muitos médicos. No primeiro dia do II Congresso Esclerose Múltipla Brasil a importância do líquor foi ressaltada diversas vezes, a começar pela palestra do Dr. Gutemberg Santos.

Membro titular da (Associação Brasileira de Neurologia ABN), docente da Universidade Estácio de Sá (RJ) e neurologista da Rede Ímpar do Hospital São Lucas – Clínica Neurológica da Barra, Dr. Gutemberg explicou por que a visão embaçada do paciente leva o médico a suspeitar de Esclerose Múltipla, e falou sobre a evolução do diagnóstico.

“A inflamação do nervo óptico, a neurite óptica, é a manifestação inicial da Esclerose Múltipla em até um quarto dos pacientes. E antigamente, precisávamos esperar para ver se o paciente ia ter uma nova manifestação para conseguirmos fechar o diagnóstico de EM. Hoje em dia, existem muitos exames complementares, e diante de uma manifestação como a neurite óptica, por exemplo, podemos antecipar esse diagnóstico e proporcionar um tratamento precoce para os nossos pacientes, chegando ao que sempre buscamos: que eles tenham uma vida normal”, afirmou.

Avanços no exame do líquor

O neurologista e patologista Dr. Carlos Otávio Brandão, responsável técnico pelo Neurolife, laboratório especializado no estudo do líquor, pesquisador colaborador da Unicamp, comentou sobre os avanços no exame do líquor nessa questão do diagnóstico.

“O líquor é precioso. Produzido dentro do cérebro, pode ser localizado em volta dele e da medula, então, está em contato com todas as estruturas cerebrais. E tudo o que acontece no cérebro e na medula, reflete no líquor. No exame temos a possibilidade de verificar vários parâmetros. O estudo do líquor é como se fosse fazer um hemograma do cérebro”, explicou o médico durante sua apresentação no CEMB.

Dr. Carlos também destacou a importância do exame ao incentivar os pacientes a fazê-lo, apesar do desconforto que pode causar em alguns casos. “A coleta do líquor deixa todo mundo com medo, mas é só uma picadinha que pode incomodar, porém passa. A doença pode trazer transtornos maiores se não investigarmos corretamente a fim de fazer um diagnóstico preciso que possibilite um tratamento adequado”, alertou. 

Parâmetros

Nem sempre quando o líquor está em sua cor natural (límpido), significa que está normal. Daí a necessidade de analisar o material em laboratórios especializados, seguindo os parâmetros existentes. No caso da Esclerose Múltipla, a pesquisa das bandas oligoclonais (BOC) está entre os critérios de diagnóstico, sendo considerada padrão ouro, porque reflete um tipo de inflamação que não ocorre em todas as situações. 

Contudo, a EM não se manifesta de forma igual em todas as pessoas. Na Europa o paciente apresenta o BOC positivo em 95% dos casos, já no Brasil esse índice cai para 80% em média. Daí a importância da realização de exames complementares.

“Sem ter os biomarcadores da doença, o médico não tem segurança para iniciar um tratamento direcionado sem ter clareza de que o resultado preenche os critérios estabelecidos”, afirmou Brandão na palestra.

Outro exame complementar no diagnóstico da Esclerose Múltipla é o Freelite® Mx, que quantifica as cadeias leves livres kappa e lambda no líquor para um diagnóstico mais preciso da doença.

“Nós tivemos a oportunidade de validar outro teste que também olha a mesma resposta dessas células B, plasmócitos que produzem as imunoglobulinas, que são os anticorpos. As cadeias leves livres são essas proteínas que fazem parte das Imunoglobulinas. Sua produção em excesso acontece quando se tem síntese de anticorpos no espaço intratecal. Então, é possível detectá-las, especialmente a kappa, nesses pacientes, coisa que normalmente não é detectável em um paciente normal, por exemplo, porque a quantidade circulante da proteina é mínima. Você só tem uma elevação desses níveis quando está tendo produção de anticorpos por algum motivo”, explicou o médico.

Resultados

Os resultados obtidos até então vêm ao encontro dos estudos realizados na Europa. Ou seja, há casos em que mesmo quando o BOC é negativo, há alta incidência das cadeias leves livres kappa no líquor. E isso indica a Esclerose Múltipla. Já o Freelite® no sangue permite a realização de um comparativo que pode auxiliar na interpretação dos resultados dos exames. 

“Outra coisa interessante, contudo, é que esse teste é quantitativo. Diferentemente do BOC, que é um teste qualitativo e  indica apenas se tem ou não tem alteração, mas eu não sei quanto. Esse teste das cadeias leves livres nos indica a concentração de kappa e lambda, descartando outras doenças e mostrando em que nível está a inflamação”, destaca o Dr. Brandão.

O teste complementar tem trazido grande ajuda no diagnóstico da EM, especialmente nas situações iniciais, evitando perda tempo para fechar o diagnóstico. E embora o teste do líquor tenha algum incômodo, os médicos também têm defendido a importância de fazer novos testes, para verificar a resposta do organismo ao tratamento.

Para saber mais detalhes sobre o exame que quantifica as cadeias leves livres kappa e lambda, entre em contato conosco.